Em uma entrevista ao Portal Extra, o enfermeiro Max Rodney Cindra Braga, de 43 anos, contou que começou a perceber os sintomas no dia 11 de abril. Então foi afastado do trabalho, tanto para se tratar quanto para prevenir o contágio aos colegas. Dias depois ele já estava internado em uma UTI, pois os sintomas estavam graves.
“Na ambulância a gente trabalha com todos os equipamentos de segurança, mas pode acontecer de qualquer jeito. Eu posso ter pego de um paciente, assim como posso ter pego no mercado, por exemplo. Eu comecei a sentir os sintomas num domingo e fui para casa. Na segunda-feira, fiz um exame que já detectou que eu estava com 30% do meu pulmão comprometido. Como os sintomas não paravam de piorar e verifiquei no meu aparelho que minha saturação estava baixa, comecei a me preocupar e pedi socorro até a UPA de Belford Roxo, município onde moro. De lá, fui transferido para o Zilda Arns no dia seguinte” relatou.
No total, foram 9 dias de internação na UTI, onde o enfermeiro estava acamado de frente para uma sala de ressuscitação. Por causa da profissão, ele bem sabe que é difícil fazer pacientes com parada cardíaca voltarem à vida, e por isso acabou presenciando a morte de várias pessoas durante esses dias.
Max contou mais detalhes sobre o que viu ao longo desse tempo: “eu estive dos dois lados do combate à covid e foi muito triste tudo que eu vi. No meu leito, eu ficava em frente à sala de ressuscitação e, como é difícil reverter uma parada cardíaca de um paciente com coronavírus, eu via entre 3, 4 pessoas morrendo por noite. Sentia vontade de levantar e ajudar meus colegas, mas não conseguia sequer levantar a cabeça”.
Mesmo acostumado a ver o lado mais triste dessa pandemia de perto, e agora fazendo parte do grupo de infectados, o enfermeiro não abandou a esperança de que conseguiria vencer a covid-19. Então, após 9 dias de UTI, ele fez um novo exame que o diagnosticou curado.
Ele deixou a unidade no dia 29 de abril e, na ocasião, escreveu em uma folha de papel a frase: “eu venci”, por ainda ter dificuldades em falar. Assim que possível, Max decidiu voltar à rotina da ambulância para combater a doença e atuar “na linha de frente da linha de frente”.
Max entende perfeitamente como é difícil ser um enfermeiro, ainda mais de SAMU, nessa fase tão pesada de combate a um vírus perigoso. Por isso, queria estar ao lado dos colegas o quanto antes, oferecendo não apenas a sua força de trabalho, mas também sua motivação.
Por fim, ele deixou uma mensagem para todos: “Pelo amor de Deus, fiquem em casa, cuidem dos seus idosos, pais, mães… obedeça o que os especialistas falam. Se eles são especialistas, nós não precisamos discutir com eles. As pessoas não estão levando a sério… tanto na Baixada como na capital, tem muita gente andando nas ruas, dando mole… valorizem a vida. E valorizem a enfermagem”.
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