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Dietas de WhatsApp atrapalham o tratamento contra o câncer

Criadas por fontes não confiáveis, elas prejudicaram muitas pessoas e continuam circulando

Crédito: Freepik

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Existem muitas correntes nas redes sociais, embasadas por “doutores” que ninguém conhece. Entre elas estão as dietas de WhatsApp que ensinam como não “alimentar” os tumores, evitando certos alimentos. Elas não apenas não cumprem o que prometem mas também podem fazer muito mal.

A alimentação durante o tratamento de um câncer tem papel fundamental. Isso porque, tanto ajuda a dar base e resistência ao corpo, quanto pode amenizar os efeitos dos remédios. Sensações como enjoo, sabor metálico na boca e até perda de paladar são comuns no processo. Portanto, é fundamental que se tenha o acompanhamento de um nutricionista.

Manter o corpo nutrido, hidratado, com pH adequado e com menores chances de inflamações também é fundamental. Dessa forma, é importante saber o que comer e o que evitar. Porém, algumas pessoas acabam não procurando um nutricionista ou seguindo as recomendações médicas. Ao invés disso, seguem dietas da moda, com pseudo-fundamentação teórica.

É o caso das que circulam através de correntes, que falam mal da indústria farmacêutica (nenhuma santa, porém necessárias), da indústria alimentícia e dão “dicas preciosas”, embasadas em “pesquisas realizadas” – claro que sem fonte. Entre elas, estão as correntes de WhatsApp.

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Dietas de WhatsApp podem prejudicar o tratamento

Em entrevista, a nutricionista do Instituto Nacional do Câncer (Inca), Gabriela Villaça é contra dietas de correntes. Em uma dessas de WhatsApp, a recomendação é de reduzir ou eliminar os carboidratos. Para a nutricionista, isso é um erro, pois faz com que o paciente acabe perdendo massa muscular e gorduras importantes para o tratamento.

Na realidade, aqueles que começam a perder peso durante a quimioterapia têm que investir em uma dieta rica em carboidratos e proteínas para ter melhores resultados. Exatamente o oposto do que é proposto nas redes sociais. Isso porque o corpo precisa resistir ao tratamento, evitando desdobramentos negativos.

Ela afirma que “se um paciente restringe carboidratos por conta própria sem considerar todos esses fatores, ele será um candidato de risco a sofrer agravos no seu estado nutricional durante o tratamento e até mesmo a prejudicar” o mesmo. Isso leva a uma maior chance de ter complicações de cunho cirúrgico bem como uma menor tolerância aos tratamentos.

A médica conta um episódio recente, de uma paciente que foi encaminhada a ela. A mulher não conseguia nem mesmo andar, isso porque estava seguindo a dieta do WhatsApp há algum tempo. Gabriela a orientou e passou uma dieta rigorosa, hipercalórica e hiperproteica, com suplementação. No mês seguinte, ela tinha recuperado a cor, a força e já andava novamente.

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Cartilha do Ministério da Saúde

O caso é tão sério que até o Ministério da Saúde criou uma apostila exatamente para combater as crendices que circulam pelas redes. Nela, estão informações importantíssimas e a explicação do porquê de cada alimento. Além disso, trata o assunto com uma linguagem clara e realmente embasada em estudos.

Entre os mitos quebrados estão a dieta low carb, para não alimentar tumores e o completo abandono das proteínas de origem animal. Além disso, trata sobre os chás e alimentos milagrosos, bem como o risco de tomar alguns chás durante o tratamento. É reconhecido o poder medicinal de muitas ervas, porém não se tem a segurança das interações medicamentosas, sendo pouco recomendados.

O ideal então é seguir exatamente o que seu médico e nutricionista orientam, a fim de obter uma melhor qualidade de vida durante o tratamento. Além, é claro, de manter seu corpo forte o bastante para lidar com medicamentos tão poderosos e que acabam requerendo um pouco mais do organismo. Em geral, é ter uma alimentação balanceada, o mais natural possível, sempre com aval médico.

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