Quando estudamos, nas aulas de história da escola, sobre a vida das pessoas lá no século 17, não nos aprofundamos em seus hábitos alimentares. Mas é interessante pensar sobre isso, principalmente porque, naquela época, as pessoas só comiam o que plantavam. E também é interessante fazer outra reflexão: será que a dieta saudável do século 17 ainda serviria nos dias atuais?
O século 17 se refere ao período de 1601 até 1700, ou seja, há 400 anos. Claro que, em cada parte do mundo naquela época, as pessoas tinham hábitos alimentares diferentes, de acordo com seu estilo de vida e os alimentos disponíveis em cada região.
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A dieta saudável sugerida por John Evelyn
Só que vamos usar como base as informações sobre dieta saudável disponíveis nas obras do escritor e jardineiro John Evelyn (1620-1706), que manifestou seu interesse por saladas na segunda metade do século 17.
Evelyn até publicou um guia completo para cultivar e preparar saladas, chamado “Acetaria, A Discourse on Sallets”, em 1699. A palavra “sallet”, derivada do francês “salade”, foi introduzida aos ingleses nos anos 1300 — e era comumente usada nos anos 1600.
No livro, Evelyn sugere uma dieta com baixo consumo de carne, acreditando que uma alimentação à base de vegetais levava a uma vida mais longa.
Ele acreditava nisso porque, ao estudar sobre grandes pensadores, como Platão e Pitágoras, soube que eles haviam banido as carnes do cardápio. Ainda não tinha nada a ver com veganismo naquela época.
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A ideia de Evelyn era incentivar as pessoas a cultivarem sua própria horta para levarem uma vida mais saudável, feliz e autossustentável.
Em outro livro, chamado “Directions for the Gardener”, escrito por Evelyn sobre seu jardim em Sayes Court, no sudeste de Londres, ele menciona as plantas que hoje conhecemos por PANC – Plantas Alimentícias Não Convencionais.
Além dos vegetais mais comuns, Evelyn conta que as saladas podem ser preparadas com margaridas, dentes-de-leão, beldroega, rumex e prímulas, por exemplo.
E ele também sugeria um melhor aproveitamento dos vegetais depois de colhidos, como as conservas e cozimento de talos e raízes, juntando sementes, amêndoas, azeitonas, frutas frescas e secas e cogumelos.
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Seria possível praticar essa dieta saudável do século 17 hoje em dia?
Na verdade, faz pouco tempo que as pessoas voltaram a ter o gosto pelo cultivo sustentável dos alimentos, aliado a uma dieta saudável e mais natural. E isso incluiu todos, não apenas veganos e vegetarianos.
Então sim, até certo ponto, a dieta saudável sugerida por Evelyn, à base de todo tipo de vegetais, continua fazendo sentido no mundo moderno.
A diferença é que, hoje, temos mais variedades de espécies vegetais comestíveis (modificadas em laboratório), mais técnicas de cultivo e modos de preparo, sem falar na variedade de ingredientes complementares.
A mensagem geral de Evelyn ainda é válida e muito poderosa: podemos viver melhor apenas usando o que a natureza oferece.
Aliás, é uma mensagem muito moderna, embora Evelyn não pudesse prever que, 400 anos depois das suas obras, as pessoas estariam colhendo os males dos excessos (alimentares e do consumismo) praticados por milhões de humanos que não seguiram suas dicas, de lá até aqui.
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Fonte: BBC Brasil