Estar atento e saber reconhecer a depressão em idosos é fundamental para garantir a qualidade de vida destas pessoas. De acordo com o ELSI (Estudo Longitudinal da Saúde dos Idosos brasileiros), e artigo publicado pelo Ministério da Saúde, cerca de 14% dos idosos sentem solidão sempre e, 29% não tem filhos ou os encontra menos de uma vez ao ano.
Nesse estudo, publicado no Brazilian Journal of Health and Biomedical Sciences, são expostos alguns sinais bastante característicos de como a depressão pode se manifestar entre pessoas dessa faixa etária e o quanto é importante que se tenha atenção a esses sintomas, para que haja o devido tratamento.
Sintomas de depressão em idosos
A depressão é um quadro bastante comum nessa faixa etária e pode ser tratada ou ter os seus sintomas amenizados, o que a torna uma doença de quadro reversível. Desse modo, é importante que se saiba quais são os sintomas de depressão em idosos, para que se possa fazer o tratamento adequado com auxilio de um profissional, com o intuito de reverter o quadro o quanto antes.
1. Baixa autoestima
Em uma sociedade marcada pelo culto ao ego, refletido pelo modelo “ideal de jovialidade”, vem se tornando mais comum a baixa autoestima entre idosos. Isso se deve ao fato de que essa faixa etária se espelha nesses conceitos equivocados da sociedade. Se acham incapazes fisicamente, mentalmente e até esteticamente de alcançarem objetivos. Inclusive o de acharem o próprio corpo belo, missão cada vez mais difícil nos tempos atuais.
Embora haja uma carga histórica de culto à jovialidade, é importante que cada fase da vida tenha a sua beleza reconhecida. Tanto na valorização da experiência referente ao intelecto, quanto à marcada no próprio físico.
Afinal, as rugas provenientes da idade devem ser vistas como marcas de lembranças do passado, como cicatrizes de um soldado que saiu vitorioso de um campo de batalha!
2. Perda de interesse
Se você perceber que o idoso começou a perder o interesse em diversas atividades que ele gostava a priori, pode ser um sintoma de que ele esteja começando a desenvolver a depressão.
Para avaliar esse declínio de interesse é necessário que você saiba quais eram os hobbies que essa pessoa possuía e se há alguma causa específica para esse desinteresse repentino. Pois se não houver um motivo aparente, pode consistir em um comportamento depressivo.
É importante observar que não se trata somente de uma tristeza passageira ou do fato de ter cansado de alguma atividade, o que pode acontecer. É algo mais súbito e marcante, como por exemplo, antes molhava o jardim, todos os dias, no mesmo horário e parou de fazer. Aí sim pode caracterizar uma condição de depressão em idosos.
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3. Distúrbios do sono
Se o idoso nunca apresentou distúrbios do sono anteriormente, como insônia, mas começou a demonstrar durante essa fase, isso pode ser um sintoma de depressão. Afinal, o sono é regulado principalmente pela ação de um hormônio que se chama melatonina. E a depressão interfere diretamente na produção desse hormônio pelo organismo.
O sono excessivo também pode ser um sintoma, já que pode indicar um desânimo da pessoa para vivenciar experiências e até mesmo sair da cama, dificultando as atividades do dia a dia. O que a torna ainda mais apática, entrando em uma espiral negativa, que deve ser eliminada logo que observada.
3. Alterações no peso
Alterações significativas no peso podem ser um sinal de que a pessoa está com depressão, tanto se houver emagrecimento, quanto se houver ganho de peso. No caso do emagrecimento, o idoso pode ficar tão apático e desanimado, que acaba pulando refeições e não se nutrindo de maneira suficiente.
Já no caso de a pessoa engordar de modo severo, a explicação reside na canalização da frustração, da angústia e da tristeza no consumo exacerbado de comidas. O que as tornam uma válvula de escape, remetendo ao conceito de mecanismos de defesa freudianos. Ou seja, se apresentar alguma mudança muito grande no peso, é bom começar a prestar mais atenção.
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5. Pensamentos recorrentes de morte
Esse sintoma expressa um dos estágios mais avançados de depressão em idosos, pois remete uma espécie de oposição ao instinto primordial de zelo pela vida, já que o instinto de sobrevivência é algo muito poderoso entre os seres humanos e inerente a qualquer ser vivo. Normalmente é difícil de perceber, mas deve-se estar atento ao desenvolvimento da doença, para evitar esse tipo de atitude.
Uma pessoa que pensa recorrentemente em sua morte, falando de como será seu funeral, divisão de bens, se despedir de amigos e famílias, doar seus animais de estimação e suas plantas favoritas e principalmente, em suicidar-se, está indo de encontro a esse instinto natural. Portanto, assim que perceber esse sintoma, procure um psicólogo para proceder com o tratamento adequado.
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Consequências da depressão em idosos
A depressão em idosos é responsável por alterações significativas no estilo de vida de pessoas dessa faixa etária. Esse fato é explicado pelas diversas consequências geradas por esse estado de saúde, desde implicações em atos mais simples e até em casos mais complexos. Se o idoso em questão estiver acompanhado, é essencial que a pessoa ao seu lado seja paciente e entenda a importância que as terapias podem desempenhar para o tratamento desse quadro.
Uma das consequências menos observadas é que a depressão, em seus estágios mais severos, pode propiciar atitudes incomuns, como a de não se importar em urinar fora do banheiro. Portanto, uma dessas consequências consiste em micção errônea mais frequente.
Essa doença também interfere nas atividades físicas e mentais da pessoa, pois reduz a sua vontade e consequentemente, o desempenho para a realização. Portanto, o idoso terá menos propensão a fazer exercícios físicos, terá menos vontade de conversar e até mesmo estará com mais debilidade física e um semblante frágil.
A consequência mais danosa da depressão nessa faixa etária é o suicídio, seja ele feito de maneira passiva ou ativa. Entre os idosos, a maneira mais comum é a passiva, por meio da recusa da ingestão de medicamentos e de alimentos. O que acaba se tornando um processo lento e doloroso. Por isso, ao ver essas consequências, a pessoa que acompanha o idoso deve procurar urgentemente um profissional para reverter esse quadro.
Como prevenir depressão em idosos
A depressão nessa faixa etária possui diversos fatores de risco que podem gerar esse quadro. Um exemplo bem aparente do quanto é importante prevenir a depressão em idosos consiste no fato de que quando acompanhados pela família, em casa, possuem menos risco de possuir depressão do que idosos que vivem em asilos.
De acordo com a SPDM – Associação Paulista Para o Desenvolvimento da Medicina -, o número de idosos com depressão que vivem em asilos e casas de repouso pode chegar ao dobro do número de idosos com depressão que são acompanhados pela família. Isso significa que o simples acompanhamento repleto de afeto e amor, pode ser uma técnica para a prevenção da depressão em pessoas de idade avançada.
O isolamento também pode ser apontado como um dos fatores de risco para o surgimento da depressão em idosos, já que pode ser um estado que afeta a autoestima, além de gerar uma certa monotonia nas atividades diárias.
Então, outro simples método de prevenção da depressão em pessoas com essa faixa etária consiste na inclusão desses indivíduos na sociedade e na introdução deles em algum circulo social. Isso pode ser feito com a inscrição desse idoso em atividades de terapia ocupacional ou coletiva, como: curso de costura, artesanado, pequenos reparos, grupos de igreja ou até mesmo em aulas de yoga ou pilates.