O delirium não é uma doença e, apesar de raramente afetar pessoas jovens, é mais comum em idosos acima dos 75 anos. Veja quais são as características, causas e o que fazer para tratar
Delirium não é demência
Diferente da demência, o delirium ocorre de forma inesperada. O idoso está agindo normalmente e, de um minuto para o outro, pode ter uma espécie de alucinação, dizer frases desconexas, ficar agitado, passar a dormir demais e ficar retraído. Esses sintomas podem durar horas ou dias, e passar. Na maior parte das vezes, tem tratamento.
Já no caso da demência, sintomas semelhantes vão surgindo de forma gradual e são permanentes. As demências podem ser tratadas apenas para tentar trazer mas tranquilidade ao idoso e às pessoas que cuidam dele, mas não têm cura.
Existe, ainda, uma confusão entre delirium e delírio, que costuma ocorrer em pacientes com esquizofrenia. São episódios nos quais o paciente sofre uma distorção da realidade, mas que é causada pelo transtorno psiquiátrico.
Causas do delirium
Apesar de não ser uma doença, os episódios de delirium podem, sim, estar atrelados a um transtorno mental ou mesmo a qualquer problema de saúde no idoso, como uma infecção urinária ou pneumonia. Só o fato da idade avançada já é um fator de risco, bem como ter os seguintes problemas de saúde:
- Ter sofrido um AVC
- Ter doenças crônicas
- Problemas de visão e audição
- Distúrbios metabólicos
- Reação de certos medicamentos
- Uso de sondas e cateteres
- Insuficiência do fígado ou rins
- Desidratação
- Imobilidade
Idosos internados têm maior risco de ter delirium
Ficar internado no hospital é ruim para qualquer pessoa. Mas, para os idosos, é ainda pior. Eles são tirados do seu ambiente de conforto, passam a ficar deitados em uma cama com pessoas estranhas entrando e saído do quarto e mexendo em seu corpo. Perdem o contato com a natureza, o mundo externo e reduzem o contato com pessoas conhecidas.
A estadia em um hospital agride o cérebro da pessoa idosa e ela pode apresentar episódios de delirium por causa disso. Se estiver na UTI é ainda pior, pois o idoso mal pode se mexer. Sua rotina e sua liberdade são totalmente modificadas, às vezes sem usar seus óculos e aparelhos auditivos, fazendo-o perder a noção de tempo e espaço. O delirium acaba sendo um efeito colateral da internação.
Prevenção do delirium em pacientes internados
Para evitar que o idoso tenha episódios de delirium enquanto está no hospital é importante tomar algumas medidas para promover o bem-estar e a familiaridade nesse ambiente:
- Estimular as visitas frequentes de familiares e amigos;
- Sempre os mesmos – e poucos médicos e enfermeiros que lidam com o paciente, para que ele possa reconhecê-los, conversar e se sentir mais seguro;
- Deixar objetos pessoais por perto;
- Colocar relógio e calendário no quarto para o idoso manter a noção do tempo;
- Estimular movimentos do corpo;
- Estimular o raciocínio, a memória e a criatividade;
- Evitar uso de sondas e cateteres, quando possível;
- Manter o idoso bem hidratado e alimentado;
- Manter a temperatura do quarto agradável.
Tem tratamento?
Como o delirium não é a doença, mas pode surgir como um sintoma de alguma doença, existem formas de evitar que aconteça de novo, tratando a causa. Mas existem vários casos em que o idoso permanece com delirium por meses, ainda que esteja recebendo um tratamento.
Assim que o idoso apresentar o primeiro episódio de delirium, seus familiares devem levá-lo ao médico geriatra para explicar os sintomas e fazer uma avaliação geral da saúde do idoso. Não há um tratamento específico, vai depender de cada caso.
Manter a qualidade de vida do idoso, preservando os hábitos que ele sempre costumou ter, e mantê-lo em um ambiente familiar, são cuidados essenciais para não desencadear o delirium.
Além disso, os familiares que convivem com o idoso devem estar por dentro de como ele pode se comportar em um episódio para saberem como agir, sem culpar o idoso por isso e tendo paciência para ajudá-lo a voltar a sua condição normal.
É recomendado que o idoso não fique sozinho, pois há casos em que ele pode colocar a própria vida em risco.