As surpresas boas também acontecem na quarentena, e que surpresas! No caso da empresária Mariana Guidoni de Oliveira, de 30 anos, o que parecia ser um período pré-menstrual mais intenso, era na verdade uma gestação de 39 semanas.
A capixaba, que já é mãe de duas meninas, estava em casa com a família quando começou a sentir fortes cólicas e muitas dores nas costas. Nem passou pela cabeça dela que pudesse estar grávida, até porque esses são os sintomas que surgem quando o bebê está se preparando para nascer.
Então, Mariana resolveu se tratar em casa mesmo, evitando ir ao hospital para se proteger do coronavírus. Porém, chegou a um ponto em que as dores estavam insuportáveis, e ela ligou para sua ginecologista.
Mariana foi orientada a ir ao hospital para fazer uns exames, e mesmo contra a vontade, ela foi. Ao fazer um ultrassom veio a surpresa. Uma gestação de 39 semanas e dois dias, que já estava em trabalho de parto.
A jovem mãe nem saiu mais do hospital, pois o parto foi agendado para dali 4 horas, e o pai nem pôde estar presente. Mas, no fim deu tudo certo. A caçula da família, batizada de Maysa, nasceu saudável, com 51 centímetros e 4 quilos.
Confira o relato das dores, concedido por Mariana para Kizzy Bortolo, em colaboração para a Revista Marie Claire:
“Estávamos todos em casa quando, no dia 3 de abril, uma sexta-feira, comecei a sentir uma forte dor no pé da barriga. Eram cólicas muito fortes, com uma intensidade que nunca havia sentido antes. Achei que era por causa da menstruação, que estava por vir.
Comentei com o meu marido, e tentei dormir. Mas não dava. Passei a madrugada com essa dor lancinante, que aumentava a cada minuto. Sem encontrar posição, virava para lá e para cá na tentativa de apaziguar aquele incômodo absurdo. Já estava amanhecendo quando as pontadas nas costas começaram também. Junto a ela, sentia uma enorme pressão na vagina. ‘Será que você está grávida?’, perguntou Márcio. Achei graça. Minha menstruação, como sempre, estava certinha.
E aquelas dores eram mil vezes mais profundas do que as que já havia sentido, em minhas duas gestações anteriores. Por fim, adormeci e, para minha alegria, acordei bem. Passei o dia tranquila, mas, no domingo de manhã, o incômodo voltou com ainda mais intensidade. Consegui controlar a situação durante o dia, mas à noite tudo piorou. Essa noite, pensei que morreria de tanto sofrimento.
Fiz de tudo. Tomei comprimidos, coloquei compressas quentes na barriga… Tudo. Mas nada adiantava, nem como alívio. Sem saber o que fazer, meu marido insistia em me levar ao hospital, mas concordamos que, em tempos de coronavírus, o melhor que tínhamos a fazer era esperar.
Na segunda-feira, em isolamento, trabalhei normalmente de casa. Mas no mesmo dia, à tarde, voltei a ficar mal. As dores eram cada vez mais fortes e constantes. À noite, já esgotada, liguei pra minha ginecologista e ela mandou que eu fosse para o hospital. Desliguei o telefone, catei minha máscara, o pote de álcool gel e fomos, meu marido e eu.”
E ao chegar ao hospital, Mariana conta a reação da médica na hora do exame de ultrassom: “entrei em desespero quando a médica a encostou a ponteira do aparelho na minha barriga e se calou. Ela não conseguia disfarçar, só podia ser grave. ‘Você está em trabalho de parto, com 39 semanas e dois dias’, disse. Fiquei parada, em estado de choque”.
A empresária conta que não acreditou, pensou na sua barriga, que estava “normal, mole. Nem inchados meus seios estavam“. Ela também se preocupou, ficou com medo, quando a ficha caiu: “Não havia feito o pré-natal, pintava meu cabelo frequentemente e continuava fazendo uso do anticoncepcional. ‘Será que meu bebê nasceria perfeito e com saúde?’ Era a pergunta que me fazia em looping e repetia para a médica”, conta.
Quando ligou para casa, para avisar as outras filhas e os pais do casal, Mariana diz que o mais velho ficaram felizes e, ao mesmo tempo, sem acreditar. Já as filhas não conseguiram conter a alegria.
Foi um pouco antes do parto que Mariana lembrou de uma situação que poderia ter sido interpretada com um sinal de gravidez: “a médica disse que eu havia perdido um pouco de líquido amniótico, e que o bebê estava a caminho. Foi aí que me dei conta que, no domingo, havia expelido uma gosma amarela misturada com sangue que acreditei ser o comecinho da menstruação, mas nada mais era do que o tampão”.
Entre as 13h, quando soube que estava grávida, e as 17h, quando teve que voltar ao hospital para o parto, Mariana e o marido tiveram quatro horas para providenciar tudo o que o recém-nascido precisaria — fraldas, berço, chupeta, roupinhas. Tudo isso com o comércio fechado, por conta da quarentena.
Eles também contaram com a ajuda de amigos e familiares, que “se organizaram e avisaram uns aos outros. Uma prima que tinha se tornado mãe havia sete meses doou quase todo o enxoval da filha. Ganhei tudo que precisava. Roupinhas, carrinho, berço, fraldas, mamadeiras, chupetas… Tudo”.
Depois de um parto cesáreo tranquilo, a empresária conta que fez a cirurgia de ligação das trompas na mesma hora e completa: “por ora, chega de sustos e grandes emoções. Vai que engravido de novo sem me programar? Apesar de ainda não acreditar direito em tudo que vivi na última semana, estou mais calma”.