Quando uma pessoa cresce, não leva para a vida adulta todos os ensinamentos que recebeu na infância. Isso porque muitos desses ensinamentos estavam errados, exigindo da criança um comportamento forçado e impedindo que ela aprendesse a fazer as próprias escolhas.
Portanto, preste atenção ao que vai exigir do comportamento do seu filho. Algumas coisas nem os adultos aceitam fazer, então para que exigir que os pequenos façam?
Lembre-se que o seu filho é um indivíduo com personalidade, que precisa ser criado para ser independente e seguro. Então, permita que ele faça as próprias escolhas e aprenda a discernir certo e errado, bom e ruim, opcional e necessário. Veja esses exemplos e reflita a respeito.
1. Emprestar coisas para desconhecidos
A sua intenção é ensinar seu filho a ser altruísta e sociável, mas nem por isso ele precisa gostar de emprestar o brinquedo preferido para uma criança que ele sequer conhece. Você emprestaria algo que considera pessoal, ou que gosta muito, a uma pessoa que acabou de conhecer?
Respeite os limites do seu filho e lembre-se que, para ele, as noções de empatia e outras habilidades sociais ainda não estão bem claras, devido ao cérebro do pequeno ainda estar em formação. Ensine aos poucos, começando por gestos diários de repartir e compartilhar entre vocês e com os amiguinhos que ele já conhece e gosta.
2. Comer toda a comida do prato
Forçar uma criança a comer um alimento só porque ela precisa não vai ajudá-la a se alimentar bem e com prazer. Se você já foi a algum restaurante ou à casa de alguém e foi servido de uma comida que achou ruim, ou em quantidade maior do que deu conta de ingerir, sabe bem como é ser obrigado a comer.
Mas com seu filho é diferente. Ele está aprendendo a provar sabores e texturas, e esse processo deve ser prazeroso e divertido, com o exemplo de todos em casa. Seu filho não precisa raspar o prato por educação ou porque você aprendeu isso quando era criança.
Além disso, será que você está colocando no prato do seu filho apenas a quantidade de comida que ele dá conta de comer? Respeitar os limites da criança com relação aos alimentos é essencial para evitar distúrbios alimentares no futuro.
3. Interagir com pessoas desconhecidas
Não pense que o seu filho é chato, tímido, antipático ou antissocial só porque ele não gosta de interagir com estranhos. Cada pessoa tem seu tempo para conhecer os outros, e às vezes é melhor observar de longe primeiro.
Mesmo que você seja uma pessoa muito sociável, que adora conversar com qualquer desconhecido, seu filho não tem que ser do mesmo jeito.
Não force seu filho a falar, sorrir, abraçar ou brincar com quem ele não se sentir confortável para fazer isso. Não fique com vergonha disso, dizendo aos outros que seu filho é tímido, quieto ou não gosta dos outros, pois fará ele se sentir ainda pior com a situação.
4. Mudar de atividade repentinamente
Como você se sente quando alguém lhe obriga a parar o que está fazendo para começar a fazer outra coisa? Você perde sua concentração, se força a mudar o foco e, às vezes, se desanima porque nem tinha necessidade. Pior ainda quando faltam com respeito a você, invadindo seu espaço.
No caso do seu filho, é claro que é importante criar uma rotina e determinar o horário para cada atividade. Mas, o problema está tratar a criança sem respeito e de forma invasiva. As crianças têm sim sentimentos e é exatamente nesses momentos que você tem a oportunidade de construir os valores, o caráter e a autoestima do seu filho.
5. Não sentir medo, tristeza ou frustração
O medo, a tristeza e a frustração são sentimentos tão necessários quanto a coragem, a alegria, e o contentamento. Um não existe sem o outro, pois é preciso sentir todos para entender a diferença entre eles e valorizá-los.
Você bem sabe que, em certos momentos, é impossível evitar o medo, a tristeza e a frustração. Evitar sentimentos desse tipo não é a solução, mas sim, saber lidar com eles de forma a fortalecer sua resiliência, e é isso que você precisa ensinar ao seu filho. Ele pode e deve chorar, sentir raiva e frustração. Mas, precisa saber como lidar com esses sentimentos difíceis sem prejudicar os outros e a si mesmo.