A colapsologia é uma linha de pensamento acerca das causas e efeitos dos riscos de colapsos da civilização industrial. Ou seja, o fim do mundo como o conhecemos está próximo. Essa ideia vem se popularizando desde 2015, quando foram lançados livros de autores franceses abordando o tema.
A colapsologia defendida em livros
Um dos livros usados como referência é Comment tout peut s’effondrer (“Como tudo pode desmoronar”, em tradução livre), do engenheiro agrônomo Pablo Servigne e do pesquisador Raphaël Stevens.
Na livro, eles definem um novo objeto de pesquisa: o colapso do mundo. Os autores se baseiam em estudos científicos multidisciplinares que, na verdade, são bastante pessimistas sobre questões climáticas, escassez energética e penúria de alimentos.
Eles não acreditam que valha a pena continuarmos nos preocupando com o desenvolvimento sustentável do planeta, pois não tem mais solução.
É sobre esse cenário preocupante que eles alertam, pois acreditam que tudo isso pode levar ao fim da humanidade em um futuro próximo.
Com base nessa ideia eles lançaram outro livro em 2018, chamado Une autre fin du monde est possible – Vivre l’effondrement et pas seulement y survivre (“Um outro fim do mundo é possível. Viver o colapso em não apenas sobreviver a ele”, em tradução livre). Este segundo livro é uma espécie de guia filosófico de como enfrentar o fim do mundo.
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Associação criada com base na colapsologia
Em 2014, antes dos lançamentos dos livros mencionados antes, foi fundada a Adrastia – uma associação francesa que conta hoje com cerca de 400 membros.
“O projeto nasceu da constatação da crise global que atravessamos. Essas crises, ecológica, energética e climática, não poderão ser resolvidas apenas com mais tecnologia”, explica Dominque Py, representante da Adrastia.
“Nós avançamos rumo a um declínio ou a um colapso da civilização industrial, que não poderá mais assumir seu próprio funcionamento”, sentencia Dominque, que concorda com os autores Servigne e Stevens quanto à necessidade de preparar as pessoas para quando não houver mais agricultura ou eletricidade como há hoje.
Para Dominique, “é preciso aprender a viver de maneira mais sóbria e menos consumidora de energia, evitando situações de caos e tensão que vão surgir em razão dessas penúrias. Temos que nos organizar coletivamente para antecipar os choques que enfrentaremos nas próximas décadas”.
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Cientistas discordam
Em entrevista para UOL, o professor da USP, José Eli da Veiga, disse que a colapsologia “não é, nem nunca será, uma ciência com C maiúsculo”. Para justificar, ele explica que “há muitos exemplos de áreas do conhecimento cujos pesquisadores convencionam chamar sua especialidade de ciência”.
Não é de todo errado, mas é preciso saber separar as coisas. “Nesse sentido, o conjunto de pesquisas históricas sobre sociedades que colapsaram pode ser entendida, sim, como um campo científico”, diz ele, citando o trabalho do biogeógrafo norte-americano Jared Diamond, em contraposição aos colapsologistas do “eixo Paris-Genebra”, como ele classifica o movimento atual.
Para outros acadêmicos e estudiosos da questão ambiental atual, os colapsologistas partem de uma modelagem artificial para prever uma problemática séria — ou seja, os riscos crescentes de extinção da vida humana.
E um dos grandes problemas da colapsologia é botar na cabeça das pessoas que não tem mais jeito para humanidade, nem para as possibilidades de soluções que a ciência ainda pode nos trazer.
Para o sociólogo e cientista político Ricardo Abramovay, “se você pegar os dados atuais e projetar numa linha do tempo, considerando que tudo vai continuar do mesmo jeito, os colapsólogos teriam razão, já que as coisas estão em num rumo muito negativo. Mas não sabemos se iremos assistir ao surgimento de tecnologias que sejam suficientemente robustas para se contraporem às tendências atuais”.
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Artigo com informações de UOL