São diversos os casos de pessoas que estavam viajando para fora do seu país de origem quando as fronteiras começaram a se fechar por causa do coronavírus. Então, viagens dos sonhos ultrapassaram o tempo previsto e acabaram se tornando uma contagem regressiva pela volta à casa.
Duas dessas pessoas são os recém-casados Khaled e Peri, de 36 e 35 anos, respectivamente. Eles são naturais do Egito e se conheceram há 8 anos em Dubai, cidade onde vivem. Mesmo já havendo muitos casos de covid-19 pelo mundo, eles resolveram se casar no dia 6 de março, na capital do Egito, Cairo, em uma cerimônia para amigos e familiares.
A viagem de lua de mel também foi mantida. Eles tinham planejado viajar para Cancun, no México, e assim fizeram. A viagem foi maravilhosa, com duração prevista de 13 dias. Mas, na hora de voltar para casa, eles começaram ter dificuldades.
Em entrevista para a BBC, Peri contou que eles chegaram a embarcar para o voo de volta, mas as coisas não saíram como planejado. “Tínhamos acesso à Internet e começamos a receber mensagens das pessoas, que questionavam: Vão chegar a Dubai? Há uma nova lei, estão proibindo a entrada de expatriados (pessoas que vivem em um país que não é o seu de origem)”.
Como eles já estavam dentro do avião, pensaram que estariam com sorte e que daria tudo certo. Mas, o voo tinha uma conexão em Istambul, e foi aí que tiveram o choque de realidade: foram impedidos de embarcar.
Eles ficaram no aeroporto por dois dias, já que nem pela cidade podiam transitar devido à quarentena, e porque tinham vindo de outro país.
Para piorar, como não tinham cartão de embarque, eles não conseguiam ter acesso às próprias malas, nem comprar produtos de higiene e roupas no aeroporto.
Como não havia previsão de poderem voltar à Dubai, eles começaram a pesquisar para qual lugar poderiam ir, sendo egípcios, que ainda os aceitassem. Então, viram que poderia viajar para as Maldivas, na Ásia.
A princípio eles ficaram felizes, pois as Ilhas Maldivas são maravilhosas e, inclusive, estavam entre as opções para a lua de mel.
“Olhamos um para o outro e ficamos muito felizes por termos uma cama para dormir em vez dos assentos do aeroporto e por termos a nossa bagagem.”
Quando chegaram às Maldivas, começou a busca por hotel. Eles foram para um resort, que logo fechou as portas. Foram para um segundo resort, e aconteceu o mesmo depois de alguns dias. Agora, no mês de maio, eles conseguiram ficar em um resort na ilha de Olhuveli adaptado pelo governo das Maldivas para o isolamento dos turistas.
“Estão fazendo o possível para tornar esta experiência melhor. À noite, tocam música, tem DJ todos os dias e às vezes até nos sentimos mal porque ninguém está dançando”.
O fato é que, desde março Khaled e Peri não voltaram para casa. Eles ainda estão isolados nas Maldivas, sem poder trabalhar nem aproveitar uma viagem dos sonhos, junto com quase 300 turistas que estão na mesma situação.