D. Dinis foi rei de Portugal e do Algarve a partir de 1279 até quando faleceu, em 7 de janeiro de 1325. Como ele nasceu em 1261, assumiu o reinado muito cedo, com apenas 18 anos, o que era bem comum na época.
A este rei está bastante associada a floresta portuguesa chamada Pinhal de Leiria, localizado em Marinha Grande, pois existe um mito de que foi ele quem criou essa floresta. Mas, o historiador português João Ferreira conta a verdade:
“O Pinhal de Leiria não foi mandado plantar por ele, já era muito antigo e fazia parte do tecido florestal português. A madeira era o combustível daquela época, servia para construir, para aquecer, para tudo. E é no tempo de D. Dinis que o Pinhal de Leiria substitui o pinheiro manso pelo pinheiro bravo, mais resistente, e mais próximo do que hoje conhecemos. Aí está a relação direta do rei com o Pinhal.”
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Mas então, como era a personalidade do rei D. Dinis para ser possível imaginar como seria sua vida, seus gostos e sua casa nos tempos atuais? Esse é mais um artigo da série Três Reis & Uma Rainha, criado pelo Imovirtual com o auxílio do historiador e autor João Ferreira.
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Então, para começar, sabe-se que D. Dinis era um entusiasta dos pinhais, da agricultura, e alguém tentou sempre fixar populações no interior do país.
“Havia uma preocupação de valorizar os terrenos, por um lado, uma vocação do próprio rei, e por outro o fato de ter sido o primeiro a não precisar se meter em todas as batalhas para expandir o território. Essa função ficou a cargo do pai, avós, bisavós, e até para o trisavô, o primeiro rei dessa série de Portugal, D. Afonso Henriques”, explica João Ferreira.
Portanto, nos tempos de D. Dinis, o negócio era fixar fronteiras e, por isso, ele ganhou o apelido de “O Lavrador”. Ele percorria todas as localidades, era um rei que fazia questão de conhecer todas as fronteiras do seu território e fixar suas populações, criando novas cidades.
Além de “Lavrador”, D. Dinis também tinha paixão pelas Artes e pelas Letras, inclusive, foi durante seu reinado que nasceu a tão estimada Universidade de Coimbra, uma das mais antigas do mundo. Ele sabia que precisava equiparar Portugal a outros reinos cristão da Europa.
De início, em 1290, a Universidade se chamava Estudo Geral e ficava em Lisboa, considerada tão relevante quanto a de Oxford, na Inglaterra, e a Sorbonne, em Paris. Depois de 18 anos, as instalações foram para Coimbra e, certamente, se vivesse nos tempos de hoje, D. Dinis seria o reitor da Universidade, cheio de orgulho por viver na cidade dos estudantes.
O amor de D. Dinis, poeta e trovador, estendia-se à língua portuguesa e é bem conhecido, mesmo entre os mais afastados da história. Foi ele quem instituiu o português como língua oficial da corte e mandou redigir todos os documentos oficiais em língua portuguesa, substituindo o latim.
Assim, fica fácil imaginar que, se vivesse no século 21, ele seria um dos puritanos da língua, que recusam o novo acordo ortográfico, mas com certeza seria um ávido leitor dos novos nomes da literatura portuguesa, brasileira, angolana, moçambicana, cabo-verdiana e de vários outros países de expressão portuguesa.
Somando suas duas grandes paixões, a cultura e a agricultura, D. Dinis seria rotulado, atualmente, como “hippie-chic culto”, nas palavras de João Ferreira. A sua casa teria no jardim e no escritório-biblioteca os espaços mais nobres.
O Rei-Agricultor, o Rei-Poeta ou o Rei-Trovador, como ficou conhecido ao longo da história, D. Dinis foi, sobretudo, um rei da paz, um diplomata com habilidade para gerir conflitos.
Sua casa em 2021 seria a expressão dessa personalidade, com cadeirões de madeira virados para o sol, onde o professor-reitor pudesse passar longas tardes de leitura, com materiais reaproveitados porque o planeta não pode permitir mais estragos, e com muitas plantas, é claro.
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