A carne vermelha faz parte do cardápio de grande parte dos brasileiros – ao menos fazia, quando o preço estava mais acessível. De qualquer maneira, o que as pessoas já sabiam era que o consumo desse tipo de carne deve ser controlado por conta das gorduras saturadas que prejudicam a saúde cardiovascular.
No entanto, um artigo publicado recentemente na revista Nature Microbiology aponta que a gordura não é o maior vilão da carne vermelha, e sim, um composto produzido por determinadas bactérias intestinais durante o processo de digestão.
Mas, não veja as bactérias do corpo humano com maus olhos. Muitas delas, quando estão em equilíbrio, são fundamentais para diversos processos do organismo. No entanto, esse composto específico, chamado de N-óxido de trimetilamina (TMAO), está associado ao maior risco de ataque cardíaco e acidente vascular cerebral (AVC).
Esse composto é produzido por certas bactérias que vivem em nosso intestino a partir da colina, lecitina e carnitina, três nutrientes que estão em muitos produtos de origem animal, mas são especialmente abundantes em alimentos como carne vermelha e no fígado.
Os dados do estudo sobre carne vermelha
Pesquisadores da Cleveland Clinic, nos Estados Unidos, descobriram que pessoas que tinham a carne vermelha como sua fonte primária de proteína (representando 25% de suas calorias diárias) por mês, apresentaram aumento de duas a três vezes nos níveis do composto, em comparação aos participantes que tinham como principal fonte de proteína carne branca ou alimentos vegetais.
Junto com o aumento nos níveis do composto TMAO no organismo, essas pessoas foram afetadas pela ineficiência de seus rins em eliminar esse composto do organismo.
A boa notícia é que o efeito da alta produção de TMAO no organismo, devido ao consumo de carne vermelha em grande quantidade, não é permanente. Quando os participantes da pesquisa pararam de comer a dieta rica em carne vermelha, seus níveis de TMAO voltaram ao normal dentro de três a quatro semanas.
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Resultados podem ajudar na prevenção de doenças futuras
Conforme disse Stanley Hazen, presidente do Departamento de Medicina Celular e Molecular do Instituto de Pesquisa Lerner, da Cleveland Clinic, “as novas descobertas fornecem mais evidências de como as intervenções dietéticas podem ser uma estratégia de tratamento eficaz para reduzir os níveis de TMAO e diminuir o risco subsequente de doenças cardíacas”.
Esse composto maléfico é produzido a partir da colina, lecitina e carnitina, três nutrientes que estão em muitos produtos de origem animal. À medida que os pesquisadores entendem melhor como os microorganismos presentes no intestino criam TMAO a partir desses nutrientes, abre-se a possibilidade de encontrar maneiras de interromper esse processo e reduzir o risco de doença cardiovascular.
“Podemos usar um nível de TMAO para ajudar a personalizar as escolhas alimentares de um indivíduo para ajudar a identificar quanta carne vermelha é demais para determinada pessoa e como reduzir o nível, de forma parecida com o que já fazemos com os níveis de colesterol, triglicerídeos ou glicose”, explicou Hazen.
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Fonte: O Globo Saúde