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Dona de brechó encontra cabide com recados de 40 anos e busca autoras

A primeira delas escreveu no cabide em 1981 e as outras escreveram em 1982, sempre o mesmo tipo de recado

Foto: Giuliano Gomes/PR PRESS

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Dona de um brechó em Curitiba/PR, a empreendedora Graziela Mendes foi comprar alguns cabides para sua loja. Cabide antigo e usado, mas em boas condições, era o que ela procurava.

Depois da compra, ao verificar as peças, ela descobriu que um cabide estava todo escrito à caneta, com recados de quatro jovens, datados de 1981 e 82, quando elas estavam em um retiro espiritual.

Graziela achou aquele cabide bastante curioso, tanto que iniciou uma busca na internet pelas autoras daqueles recados. Ela ficou instigada a descobrir a história por trás daquele cabide.

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As suposições sobre os recados no cabide

A empreendedora explicou que conseguiu o cabide por acaso, em um lote de 200 cabides que adquiriu em um bazar para o espaço colaborativo que ela é proprietária.

“Eu comprei esse lote de uns 200 cabides em um bazar beneficente, que vende itens de vários lugares. Porque minha opção era ou comprar cabides novos, ou continuar com meu propósito de reaproveitamento de reciclagem no meu negócio […] E eu não escolhi, peguei os que sobraram”, lembrou.

Graziela disse que só viu os recados dias após a compra dos cabides, enquanto mostrava a uma amiga o que tinha comprado.

“Eu imagino que a Rita seja a dona do cabide. E, normalmente, em retiros as pessoas ficam em quartos. Pode ser que ficaram as quatro em um lugar só, e as três deixaram um recado para a Rita. A princípio, foi o que eu imaginei […]. É como aquelas garrafas no oceano. Uma garrafa no mar, a onda leva, mas e um cabide? Como que lança para o universo um cabide?!”.

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As mensagens no cabide

O cabide comprado por Graziela tem três mensagens diferentes, assinadas por quatro pessoas que se identificam como Rita, Suzi, Márcia e Marília.

As três últimas dizem ser de Lucélia (SP). Nas mensagens, elas dizem ter escrito durante um retiro espiritual. Leia os recados abaixo.

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“Aqui é sua amiga Márcia, de Lucélia, do retiro espiritual de 06/09/1982. Quem usar esse cabide, por favor, mande-me um cartão ou carta para a Rua…”.

Em seguida, vem outra mensagem:

“Aqui é sua amiga Suzi Mariza, que fez o retiro espiritual de 06/09/1982. Quem usar o cabide, por favor, mande um cartão ou uma carta. Meu endereço…”.

Marília finaliza os recados, também com a assinatura de setembro de 1982: “Aqui deixo meu nome, Marília… Mande uma carta para meu nome. Endereço…”.

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A busca nas redes sociais pelas autoras dos recados

Pelas redes sociais, Graziela procurou pelos nomes que assinaram os recados e os endereços que as meninas deixaram na época.

Ela também fez uma publicação com trechos das mensagens no Instagram, na tentativa de encontrar as mulheres.

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Foto: Arquivo pessoal/Graziela Mendes

“Eu já até sonhei com isso […] Eu gostaria muito de conhecer elas, justamente para conhecer a história. Uma amiga me falou ‘vai que é uma história triste?’. Mas ainda seria uma história, e pode ser bonita’, finalizou.

Márcia e irmã de Marilsa entraram em contato

“Localizei Márcia e Marilsa, e conversei apenas com Márcia e com a irmã da Marilsa. Gostaria muito de encontrar com elas, de levar o cabide, e, então, se elas permitirem, gostaria de ficar com ele como relíquia. Mas gostaria que elas o tocassem novamente”, contou Graziela.

Atualmente, Márcia tem 55 anos e Marilsa tem 53. Quando escreveram as “cartas”, elas contaram que tinham 15 e 13 anos.

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As mensagens foram escritas por elas durante um retiro espiritual em Ibiúna (SP). As duas, entretanto, moravam em Lucélia, também em São Paulo.

Márcia contou que ficou surpresa quando leu a notícia de que o cabide tinha sido encontrado. Ela recebeu o link da reportagem por uma colega de trabalho. Depois, conseguiu o número de Graziela e entrou em contato.

Foto: Arquivo pessoal/Graziela Mendes

“Eu estava sentada tomando café na hora que eu recebi a reportagem de uma colega que perguntou: ‘O Márcia, você escrevia em cabide?’ […] Eu preciso ser sincera e falar que eu não me lembro de ter feito isso, mas quando eu percebi que era eu, eu até chorei na hora que eu reconheci a letra e o endereço de quando eu era solteira […] Já ri muito com isso, meu celular não parou desde que a reportagem saiu”, contou Márcia.

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Márcia, à direita, e Marilsa, à esquerda – Arquivo Pessoal

Marilsa, professora aposentada, disse que viu a notícia em um grupo que reúne moradores de Lucélia. No começo ela não ligou os pontos porque seu nome tinha sido identificado como Marília.

Quem percebeu que Marília, na verdade, era Marilsa, foi a irmã dela, ao aproximar a imagem do cabide e identificar o endereço.

“Foi uma surpresa. Volta na cabeça da gente momentos assim, que a gente viveu na época. Volta a lembrança da participação nestes grupos, coisas assim que eu não pensava há muito tempo”, disse Marilsa.

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Graziela quer inspirar novas amizades

Inspirada pela história, Graziela teve a ideia de incentivar os clientes do brechó a também escreverem recados nos cabides da loja.

“Vou lançar essa ideia de cabides como cartas, quem quiser pode deixar o contato ou deixar uma mensagem assinada, para que outras pessoas o leiam e se inspirem”.

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Fonte: G1

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