Com uma economia praticamente em colapso, desemprego em alta, inflação recorde e pouco dinheiro disponível no bolso, o brasileiro vive momentos de desespero. Se você se surpreendeu com as pessoas catando carcaça de carne do caminhão do lixo, ainda há situação pior: devido à pobreza, mulheres anunciam bebês para venda ou doação nas redes sociais. Entenda o caso:
Com o anonimato garantido por meio dos perfis fakes, mulheres oferecem bebês, ainda dentro da barriga, em troca de ajuda financeira. Muitas já têm filhos e citam a impossibilidade de criar mais uma criança. “Alguém me ajude. Meu filho hoje não comeu nada, estou desesperada. Ovo, pão, qualquer coisa serve. Estou gestante e se alguém tiver interesse em adotar, eu dou, pois não tenho mais condições. Só faço chorar em desespero”, dizia uma das mensagens.
Estima-se que 19 milhões de brasileiros enfrentam situação de fome desde o início da pandemia de Covid, que matou mais de 650 mil pessoas no país. Enquanto algumas mães chegam a pedir R$ 300 mil para vender o filho e tentar melhorar as condições de vida da família, muitas oferecem de graça, apenas pela garantia de que seus filhos serão melhor cuidados com outros pais. “Pretendo doar sim, não tenho preconceito com nenhum gênero. Só quero alguém de boa índole”, disse uma das mulheres.
O advogado Ariel de Castro Alves é membro do Instituto Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, e falou à Universa sobre a situação dessas mães: “Em muitos desses casos temos mães desesperadas ou até em depressão gestacional ou depressão pós-parto. Elas precisam de apoio e acompanhamento psicológico. Muitas também ficam desesperadas pela falta de apoio paterno e familiar, quando já estão em vulnerabilidade social. Cabe ao poder público ter programas e serviços de apoio a esses gestantes e mães.”.
No Brasil, comercializar crianças de qualquer idade é crime, tanto para quem vende, quanto para quem compra. Quem comprar pode responder por tráfico humano e pegar de 4 a 8 anos de prisão, de acordo com o Código Penal. Já quem oferece a criança em troca de alguma recompensa, pode pegar de 1 a 4 anos de reclusão.