O autismo é um transtorno que ainda exige muito estudo e análise por parte dos profissionais que lidam com as doenças da mente humana. Isso porque cada caso apresenta características específicas, além das já consideradas comuns para o diagnóstico. Mas de modo geral, o autismo é um transtorno mental que afeta a comunicação, a linguagem, o comportamento e a interação social dos pacientes.
Ao longo dos anos o autismo já recebeu diferentes termos de representação, mas atualmente o Manual de Diagnóstico de Transtornos Mentais determina que seu nome técnico é Transtorno do Espectro Autista. A Organização Mundial da Saúde estima que, só no Brasil, existam 2 milhões de pacientes diagnosticados com algum tipo de autismo.
Esse número elevado alerta para a necessidade de compreender melhor o que é essa doença, mesmo que você não tenha convivência com uma pessoa autista, mas para que saiba lidar caso venha a conviver ou conhecer. Existem diversos mitos que precisam ser quebrados para permitir a inclusão social do autistas, que em muitos casos pode ser feita com sucesso.
Sintomas do autismo
O transtorno costuma apresentar os primeiros sintomas ainda na infância, quando a criança começa a desenvolver a fala e a personalidade. Por isso é essencial que os pais e professores estejam atentos ao comportamento da criança, pois ela tende a apresentar dificuldade para se comunicar, interagir com os colegas e executar movimentos repetitivos.
Há casos em que se pode observar os sintomas nos bebês. Por volta dos 2 ou 3 meses de vida é a fase em que o bebê observa o rosto de quem está perto e sorri quando falam com ele. Mas no caso de um bebê autista essas reações costumam não ocorrer.
Depois, entre os 8 e 10 meses, o bebê autista pode não responder quando alguém o chama e não demonstrar interesse pelo que acontece em sua volta. Como se não houvesse curiosidade.
No convívio social é comum que a criança autista fique isolada, brincando sozinha, sem interesse nos outros. Quando se comunicam com outras crianças elas tendem a não conseguir interpretar palavras, gestos e expressões, o que torna a comunicação sem sentido para elas, então preferem ficar sozinhas.
Outro momento de atenção dos pais e professores é quando a criança deveria começar a falar as primeiras palavras e aprender os primeiros gestos. O autista pode reagir de formas diferentes, seja levando mais tempo para começar a falar ou, quando começa, utiliza um vocabulário próprio, pois seu cérebro não combina as palavras dentro da lógica considerada normal.
Um dos sintomas mais conhecidos é a repetição de movimentos ou de palavras e frases. A repetição pode ser de bater alguma parte do corpo, balançar-se para frente e para trás, falar a mesma coisa inúmeras vezes consecutivas ou fazer a mesma atividade repetidas vezes. É por isso que muitos autistas acabam desenvolvendo uma impressionante habilidade em algo específico que lhes chama a atenção, pois dedicam-se totalmente àquilo.
Além da repetição, a necessidade de organização também merece atenção. Ao invés de brincar com os objetos, a criança autista coloca-os em determinada posição, sejam enfileirados ou em algum formato específico que a faz sentir mais confortável. Se alguém interfere no que ela está fazendo, costuma reagir com rejeição pelo estresse que lhe foi causado.
Conforme a criança cresce, pode descobrir outros sintomas que se manifestam por meio das experiências a que ela é exposta, como pânico de multidões e não suportar ruídos externos, como pessoas falando alto, música, fogos de artifício, buzinas e tantos outros. É por isso, também, que o isolamento e a necessidade de estar em um lugar confortável e confiável é um padrão comportamental.
Se junto com o Transtorno do Espectro Autista a criança tiver algum outro transtorno, pode ainda apresentar sintomas como problemas gastrointestinais, para dormir, convulsões e o hábito de comer o que não é comida.
Quais são os tipos de transtorno que existem?
Dentro do Transtorno do Espectro Autista, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças considera que existem 3 variações. A Síndrome de Asperger, o Transtorno Invasivo do Desenvolvimento e o Transtorno Autista.
Já o Manual de Diagnóstico e Estatística de Doenças Mentais ainda inclui outros dois tipos de autismo, que são a Síndrome de Rett e o Transtorno Desintegrativo da Infância.
Quais são as causas?
A ciência médica busca respostas para as causas do transtorno desde os anos 40. As possibilidades a que se chegou até hoje são algumas, como mutações genéticas, doenças metabólicas, síndromes, epilepsia e outros tipos de transtornos do desenvolvimento.
Cada novo caso diagnosticado é mais uma oportunidade de compreender melhor onde pode ser a raiz do problema, ao menos naquele paciente de forma específica. É preciso fazer uma investigação criteriosa sobre todos os aspectos da vida do paciente e de seus parentes próximos para buscar o máximo de informações possíveis e inseri-las no estudo sobre o caso.
Outros dados levantados por meio dos inúmeros estudos de caso apontam que há alguns fatores de risco para o autismo, como ser do gênero masculino, ter outro tipo de condição genética, ter casos de autismo na família e se os pais tiveram o bebê quando já estavam muito perto da menopausa ou andropausa.
De forma mais específica e técnica, que é a compreensão do que acontece dentro do cérebro do autista para que ele apresente os sintomas, há dois tipos de mecanismos. A patofisiologia, que envolve as estruturas cerebrais, e a neuropsicologia, que envolve os comportamentos cerebrais. Mas todas as situações propostas pela ciência ainda são consideradas hipotéticas devido as particularidades apresentadas em cada caso.
Principais características
Nem toda criança com autismo vai apresentar todos os sintomas de uma só vez. Algumas irão desenvolvê-los aos poucos, ao longo do seu crescimento e conforme as situações a que forem expostas ao longo da vida.
O fato de existirem diferentes tipos de autismo também significa que existem gravidades e estágios diferentes. Há crianças que vão apresentar poucos sintomas e não evoluir para outros mais graves mesmo depois de adultas. Há aquelas que vão evoluir o quadro gradativamente e também aquelas que já vão apresentar sintomas graves logo no início do seu desenvolvimento.
Então, as características do autismo são os sintomas já mencionados anteriormente e o fato de não haver um padrão para que eles se manifestem.
Autismo tem cura?
O Transtorno do Espectro Autista não tem cura, pois não se sabe a causa exata. Mas tem tratamento, que vai variar conforme cada caso, bem como o seu resultado. Esse tratamento normalmente exige uma equipe multidisciplinar para atuar simultaneamente na compreensão e controle de cada sintoma.
Existem vários métodos de intervenção que podem ser aplicados conforme a necessidade de cada caso, envolvendo o desenvolvimento de cada um dos sentidos e do comportamento. Também há pacientes que necessitam de medicamentos para controlar os sintomas comportamentais, como agressividade, ansiedade, surtos, impulsividade, hiperatividade e outros.
Quanto antes os sintomas forem percebidos e a criança for levada ao médico, maiores as chances de melhorar o seu desenvolvimento e dar a ela a oportunidade de ter uma vida mais tranquila ao longo dos anos.
De forma prática, confira no vídeo abaixo dicas dadas por um autista sobre o que as pessoas podem fazer para melhorar sua relação com adultos autistas e ajudá-los a se comunicar melhor com elas: