Quando um amor da juventude bate à porta, não importa em que idade você esteja, pode valer a pena abrir. Essa história é da brasileira Mary Porto e do suíço Raymond Widmer, que se apaixonaram lá em 1958, mas não ficaram juntos na época.
Foi só em 2013 que Mary e Raymond voltaram a ter contato. Aquele amor da juventude estava sendo reavivado, e foi ele quem tomou a iniciativa. Em uma carta, ele se declarou dizendo que o amor nunca foi esquecido.
Apesar de tudo o que cada um viveu separadamente nos 55 anos que ficaram distantes e sem contato, para a sorte de Raymond, sua amada Mary estava disponível e disposta a reviver o amor entre eles. Tanto que, ao invés de responder à carta, ela pegou um avião e foi vê-lo, se surpresa!
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O lema do casal é viver o presente
“Eu realmente acho que foi um milagre o que aconteceu para nós”, contou Mary, que agora está com 82 anos.
Antes do reencontro daquele amor da juventude, Mary e Raymond acumularam 3 filhos, 8 netos e 3 casamentos.
Hoje juntos, eles se dividem entre o Brasil e a Suíça, e garantem que fizeram apenas um combinado para serem plenamente felizes: zero planos e promessas para o futuro.
“Nosso combinado é viver o hoje, felizes e juntos. O amor não envelhece, ao contrário, é a fonte da eterna juventude”, disse Mary, que é terapeuta artística.
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O início do amor da juventude
Em entrevista ao jornal Estado de São Paulo, Mary afirmou que sua vida sempre muito bem vivida, sua autoestima elevada, com muito bom-humor e romantismo.
“Sempre fui muito namoradeira, mas à moda antiga. Não como é agora. A gente dançava, conversava, era algo muito delicado. No entanto, quando a autoestima é muito forte, a pessoa vira revoltada. Sempre tive meu jeito e minhas ideias próprias”, contou.
Por conta dessa personalidade aventureira foi que Mary conheceu seu querido Raymond, quando tinha 18 anos. Intercambista, ela se inscreveu em uma escola de artes em Lausanne, na Suíça, onde conheceu um “rapaz bonitão que não parava de olhar para ela”… Era Raymond Widmer, um estudante de arquitetura de 19 anos que vivia na cidade de Neuchâtel.
Juntos, eles passaram a frequentar uma cafeteria onde ficavam a tarde toda conversando. Foi assim que, aos poucos, eles foram se apaixonando e o amor foi surgindo.
“Não gosto de ficar perdendo tempo. Eu via que ele sempre ficava na porta do curso me esperando. O tempo ia passando e eu me perguntando: ‘Eu vou embora e o que vai acontecer?’. Então decidi que era a hora e ‘tasquei’ um beijo nele. Se for pra ser vai ser, se não, acabou”, lembrou Mary.
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Eles tiveram que se separar…
O romance durou por cerca de um ano, sendo seis meses juntos na Suíça e mais alguns meses se comunicando por correspondência, depois que Mary voltou para o Brasil.
Mas, com o passar do tempo, as cartas foram ficando mais escassas até que eles pararam de se falar. Então, cada um seguiu com sua vida pelas décadas seguintes.
Ela nem imaginava reviver o amor da juventude
“Aos 70 anos, então, falei que tinha ‘saído do mercado’ e não queria mais saber de homem. Tinha casado três vezes, estava cheia, queria envelhecer em paz e ser vovó. Mas aos 74 tudo mudou”, relembrou Mary.
“Eu acredito que o amor é um só e ele fica com você a vida toda. Ou seja, o sentimento é seu e o outro é um objeto em que se bota isso. É como se você tivesse uma semente, em que você pode jogar em terra fértil ou pode jogar em cima de uma pedra e o passarinho vai comer, entendeu?”, completou.
Então, um belo, chegou ao endereço dela uma carta vinda da Suíça. Para Mary, essa correspondência mudou tudo. “Quando peguei a carta foi muita emoção, quase que se materializou o fantasma dele na minha frente. Não podia acreditar”, contou.
No texto, Raymond lhe contou que nunca havia esquecido do amor entre os dois. Além disso, explicou que havia se casado apenas uma vez, cuja esposa havia falecido de câncer.
Então, um dia, enquanto arrumava suas gavetas, encontrou um presente de Mary. Essa foi a deixa para o suíço ir até o Consulado de Genebra procurar o endereço da brasileira.
Após receber a carta física, Mary adicionou Raymond nas redes sociais e as correspondências logo se tornaram digitais.
Pouco tempo depois, Mary desembarcou no aeroporto de Zurique. “As pessoas me perguntam: como você teve coragem? E sinceramente eu não sei. Resolvi pagar para ver”, brincou.
Aos 82 anos, garante, sua intensidade em amar é a mesma. “A pessoa pensa que na velhice não se fala mais de amor, não se fala de sexo, pensa que ser feliz é só para os jovens. Mas não é.”
Mary e Raymond se casaram há cinco anos e seguem vivendo com plenitude aquele amor da juventude.
“Eu já cuidei de filho, já cuidei de neto, já namorei, já casei. O que está faltando? Nada. Está é sobrando… sobrando vida para ser vivida.”
Fonte: Estadão/Razões Para Acreditar