Um estudo português, publicado na revista científica Journal of Psychosomatic Research, concluiu que pessoas que apresentam sintomas de ansiedade e depressão são as que se encontram em maior risco de insegurança alimentar.
A insegurança alimentar é reconhecida pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura como um fenômeno que ocorre quando um indivíduo não possui acesso físico, econômico e social a alimentos, de forma a satisfazer as suas necessidades.
Realizado por investigadores do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP), o estudo envolveu 882 pessoas por meio de um questionário on-line, disponível entre novembro de 2020 e fevereiro de 2021.
O objetivo foi entender a relação entre a insegurança alimentar e a saúde mental, tendo em conta os efeitos da pandemia da covid-19.
Em declarações à Lusa, Ana Sofia Aguiar, investigadora do Instituto do Porto, afirmou: “Procuramos estudar a relação entre a insegurança alimentar e a saúde mental de forma a considerarmos os possíveis efeitos que esta pandemia teve“.
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Os resultados
Depois da coleta de dados através do questionário, os investigadores utilizaram escalas para medir os sintomas de ansiedade e depressão, bem como níveis de insegurança alimentar e informação sociodemográfica sobre os participantes.
Do total de participantes, 71% eram mulheres, 76% tinham um nível de escolaridade correspondente ao ensino superior e 78% estavam trabalhando desde o início da pandemia.
Das 882 pessoas que participaram no estudo, 6,5% revelaram sintomas de depressão e 26% sintomas de ansiedade.
“As pessoas que apresentaram sintomas de ansiedade e depressão revelaram um maior risco de estar numa situação de insegurança alimentar”, salientou Ana Sofia Aguiar.
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No decorrer do estudo, os investigadores calcularam a probabilidade de os participantes virem a estar numa situação de insegurança alimentar.
A conclusão foi de que as pessoas com sintomas de depressão tinham uma probabilidade 5x maior e as pessoas com sintomas de ansiedade, 7x mais risco de entrar em situação de insegurança alimentar.
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Então, com base nos resultados, Ana Sofia Aguiar disse à Lusa ser “fundamental incluir ferramentas dirigidas à população que aumentem a sua resiliência, capacitando-as com estratégias para lidar com os problemas de saúde mental e com a insegurança alimentar”.
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Fonte: Delas