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Alma gêmea existe? Por que desejamos tanto encontrar a nossa?

Ouvimos desde pequenos que devemos acreditar no amor, mas muitas vezes nos ensinam o caminho errado para isso

Crédito: Freepik

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Muitas pessoas passam a vida frustradas por nunca terem encontrado sua alma gêmea. Outras, ainda jovens, ouvem histórias sobre como a vida será completa quando encontrarem a “tampa da panela” ou “a outra metade da laranja”.

Mas, será este um desejo possível de realizar ou uma perda de tempo? De onde vem essa ideia de felicidade plena ao lado de alguém perfeito?

A história da alma gêmea

O filósofo grego Platão viveu entre 428 a.C. e 348 a.C. Já naquele tempo ele falava sobre a alma gêmea, em “O Banquete”, onde escreveu que os seres humanos, antigamente, tinham quatro braços, quatro pernas e dois rostos.

Segundo ele, Zeus nos dividiu ao meio como punição pelo nosso orgulho e ficamos destinados a andar pela Terra procurando a outra metade.

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Isso já nos faz pensar que procurar pela alma gêmea é um castigo, e não uma bênção. Mesmo assim, a ideia de que a outra metade que nos completa existe, só temos que procurá-la incansavelmente, perdurou através das gerações até os dias atuais.

Uma questão de alívio emocional

Bradley Onishi, professor de religião do Skidmore College, nos Estados Unidos, utilizou seus estudos sobre a história das ideias para tentar entender a natureza duradoura do mito das almas gêmeas. Ele acredita que existe algo inato em nosso desejo de acreditar na existência do par perfeito.

“O mito da alma gêmea promete plenitude”, afirma Onishi. Ele diz que o isolamento e a solidão que muitas vezes fazem parte da experiência humana são apenas temporários – que algum dia chegará um final feliz no qual nos uniremos ao nosso par perfeito que nos compreende em todos os níveis, protegendo-nos dos perigos, e que dará imenso significado à nossa vida.

Ele indica que, para muitos de nós, acreditar em uma alma gêmea é uma forma de construir uma narrativa coesa da experiência – muitas vezes caótica e imprevisível – da busca do amor.

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“O mito da alma gêmea é muito bom para nos livrar dos primeiros encontros ruins, dos rompimentos, das esperanças perdidas e das desilusões, formando uma história que diz que ‘algum dia, tudo isso será resolvido'”, afirma Onishi.

Veja também: Os 4 sinais de que é hora de acabar um relacionamento

A alma gêmea pode ser moldada?

Acontece que, hoje em dia, o mundo tem quase 8 bilhões de pessoas e a maioria de nós não pode ficar viajando por todos os continentes em busca do amor perfeito.

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É por isso que a maioria de nós acaba se relacionando com alguém que está perto ou, pelo menos, que fale o mesmo idioma e seja da mesma cultura. É mais rápido e mais fácil assim.

Nos Estados Unidos, por exemplo, a maioria das pessoas se casa com alguém do mesmo estado e 43% se casam com colegas do ensino médio ou da faculdade. E não está errado se formos analisar de outro ponto de vista.

Já sabemos, pela experiência de nossos antepassados que viveram bons relacionamentos, que ser feliz no amor é também uma questão de adaptação.

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Existem milhares de casais felizes, mas que passaram por um período conturbado de adaptação no início da relação. Afinal, é assim com tudo na vida, desde a infância. Precisamos lidar com o que é novo, entender como funciona e nos encaixar como uma engrenagem na “máquina do amor”.

Claro, algumas pessoas fazem isso do jeito mais sofrido, tentando se encaixar na máquina errada, forçando uma relação que claramente não faz sentido. Mas, quando ambos estão apaixonados e dispostos a aceitar suas diferenças, notamos que a alma gêmea pode ser moldada com o tempo.

Temos que ter em mente que ninguém é perfeito e chega pronto para nós. Ambos têm suas diferenças e faz parte da evolução aprender um com o outro. Ter uma alma gêmea não é ter um espelho que faz tudo exatamente do jeito que fazemos.

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Mas sim, é estar com alguém com quem podemos aprender algo novo todos os dias, fortalecendo nossas capacidades de respeitar, compreender e ter resiliência diante das adversidades da vida.

Veja também: Crises comuns nos relacionamentos duradouros

Artigo com informações compartilhadas de G1

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