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Acordar durante a cirurgia quando o corpo paralisa, mas a dor não!

Relatos assustadores de pessoas que passaram por esse tipo de situação durante um procedimento cirúrgico

Crédito: Pixabay

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Parece um pesadelo (e na realidade é) acontecer de acordar durante a cirurgia, com o corpo paralisado, sentindo dor e sem conseguir fazer absolutamente nada para reverter o problema. Situação perturbadora pela qual algumas pessoas já tiveram a infelicidade de passar.

Momentos  de angústia, dor, sofrimento e total perda de controle do próprio corpo. Narrados por quem passou, esses casos demonstram que a medicina ainda tem muito o que aprender e se desenvolver, para garantir uma cirurgia tranquila para seus pacientes.

De acordo com o Ministério da Saúde, “anestesia é o estado de total ausência de dor durante uma operação, um exame diagnóstico, um curativo”. Ela é feita pelo anestesista, que vai acompanhar durante todo o processo, analisando o funcionamento dos seus órgãos vitais, para que tudo ocorra com tranquilidade e segurança.

Na anestesia há compostos que paralisam a musculatura, evitando qualquer movimento durante a cirurgia; que fazem adormecer; e que inibem qualquer tipo de dor. Juntos, eles atuam relaxando e permitindo que se possa fazer as intervenções necessárias.

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Porém, algumas vezes, pode acontecer da pessoa retornar à consciência durante o processo, o que já é bem ruim. O agravante ocorre quando a anestesia não funciona como deveria, deixando os nervos funcionando normalmente. Nesse caso, cada corte, movimento ou sutura pode ser sentido, e a pessoa não consegue mover o corpo ou reagir para sinalizar a situação, como por exemplo, gritar. Conheça alguns casos.

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Uma em cada 20 mil pessoas pode acordar durante a cirurgia

Esse pesadelo é bem conhecido pela medicina e tem nome. É chamado de Despertar Inadvertido Durante Anestesia Geral (DIDA). É mais comum acontecer em cesarianas de emergência, dada a menor quantidade de anestesia dada – por causa do feto. Porém, a probabilidade em outras cirurgias é 1 caso a cada 20 mil pessoas.

De acordo com a Associação de Anestesistas e com a Royal College of Anaesthetists, na Grã Bretanha, um estudo realizado com base em dados do Governo, observou que entre os 3 milhões de processos cirúrgicos, apenas 300 pessoas tinham percebido alguma consciência durante o procedimento.

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Crédito: Projeto Medicina

Esse acordar durante a cirurgia teve no máximo 5 minutos e aconteceu antes ou depois da cirurgia de fato, o que não deixa de ser assustador. A pessoa fica sem controle do próprio corpo, respirando por aparelhos muitas das vezes, o que não corresponde aos batimentos cardíacos. Das que despertaram, 41% ficou com traumas psicológicos a resolver.

As sensações vividas nesse momento variavam entre percepção de quase morte, alucinações, falta de ar, muita dor e ataques de pânico. Isso tudo acontece, sem que seja possível mover um músculo sequer, falar ou até mesmo chorar, pois as lágrimas não saem. Essa incapacidade de dizer o que está acontecendo é talvez tão terrível quanto a dor.

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O caso da canadense Donna Penner

Foi o que aconteceu com a canadense Donna Penner, que foi fazer uma laparoscopia e acabou acordando no meio do procedimento. Ela começou a ouvir tudo o que estava acontecendo e achou que já tinha acabado, mas não imaginava o terror que estava por vir. Ela apenas se deu conta, quando escutou o cirurgião pedir o bisturi.

Seu corpo gelou imediatamente e ela não conseguia falar, se mexer ou abrir os olhos. Sentiu então o primeiro corte e uma dor terrível. Quis chorar, gritar, mexer alguma parte do corpo, mas não conseguia. Era como se um peso gigante estivesse sobre seu corpo, impedindo os seus movimentos.

Foi uma hora e meia, sentindo os cortes, a movimentação entre os órgãos, ouvindo tudo o que era dito e sem poder reagir. O coração estava batendo cada vez mais rápido e seu oxigênio estava preparado para ela respirar apenas sete vezes por minuto, o que deu uma tremenda falta de ar, aumentando ainda mais o desespero.

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Crédito: Projeto Medicina

Com o tempo, começou a sentir a língua e forçou o respirador, para chamar a atenção. O anestesista achou que ela tinha saído do efeito paralisante – que faz até o pulmão precisar de equipamentos para funcionar – e tirou a oxigenação. Ela foi ficando sem oxigênio até ter uma experiência de quase morte.

Foi ressuscitada e deram um remédio para acabar com o efeito paralisante, e foi então que ela pôde finalmente falar. Quando já estava em seu quarto, recuperando-se, o anestesista foi se desculpar, com lágrimas nos olhos e ela o perdoou. Porém, sua vida nunca mais foi a mesma, sofrendo hoje com estresse pós traumático.

A cirurgia de Carol Weihrer

Outro caso grave ocorreu com Carol Weihrer, que precisava fazer uma cirurgia simples em um dos olhos, para remover o cristalino. Porém ela também passou pela experiência de acordar durante a cirurgia e passou por momentos de terror, também sem poder falar ou se mexer. Ela gritava e nada acontecia, mas o que ela ouvia era assustador.

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A cirurgia deveria tirar somente a fina película que cobre os olhos, mas acabou sendo bem diferente. Ela ouviu o médico falando para cortar mais fundo, sentindo não a dor, mas um puxão muito forte na região. Ao retornar à consciência muscular, soube que seu olho teve que ser removido, por causa de uma doença. Ela nunca mais pôde deitar em uma cama, dormindo em um modelo reclinável pelo resto da vida.

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O que é feito em prol dos pacientes para não acordar durante a cirurgia?

A academia está buscando formas de acabar com esse sofrimento e buscar formas de acompanhar também a atividade cerebral, durante as anestesias. É o caso de um estudo realizado pela equipe de pesquisadores do MIT, publicada na Proceedings of the National Academy of Sciences (Pnas).

Nele, foi possível medir e comparar as respostas motoras e cerebrais através de 44 eletrodos em volta da cabeça do paciente.

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A anestesia é uma bênção para a humanidade, mas ainda não é perfeita. Quanto mais estudos e novas pesquisas forem realizadas, melhor será o resultado e menor a margem de erros.

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